Aqui em casa temos cinco gatos. Nas
casas anteriores onde moramos eles saiam pelo portão ou pulavam o muro. Nisso
perdemos vários bichanos, provavelmente mortos pelos vizinhos ou outras pessoas
desumanas das muitas que existem por aí.
Enfim, antes de virmos morar nessa casa fomos avisados de que uma
vizinha detestava gatos e os matava envenenados quando tinha oportunidade.
Antes da mudança mandei fazer um enorme portão bem fechado para que eles não
pudessem sair e também mandei subir o muro.
Detalhe, casa alugada.
Todo esse prólogo para dizer que os
cinco tem espaço da casa e do quintal para circular. Mas, porém, contudo, todavia,
sempre há uma ovelha mais rebelde no rebanho. O meu bebê, o Lyon, que por acaso
puxou a mim, sempre dá um jeito de sair, já fizemos de tudo, mas o danado sai
sem sabermos como. Hoje ele estava totalmente revoltado porque ainda não tinha
conseguido fugir, e quando ele está revoltado sobra tapa pra todo mundo. Então,
eu resolvi abrir o portão e deixar-lo sair. Peguei meus óculos escuros e fui
ver o que ele ia fazer. Saiu, andou por ali, subiu num murinho baixo, entrou,
cheirou umas plantas, pulou o muro de volta, foi para outra casa, subiu em
pequena paredinha e haja cheirar mais plantas. Pensei comigo: mas lá no nosso
quintal tem plantas também então qual o objetivo? E de repente me dei conta que
ele estava sentido o cheiro delicioso da liberdade.
Saí ligando uns pontos...
Recebi esses dias uns livros novos tão
cheirosos, mas tão cheirosos, e sentia um bem estar tão grande ao cheira-los...
Então eu tive um sonho e a partir daí o cheiro do livro me fazia lembra-lo. No
sonho eu estava na praia, e eu me sentia feliz e em paz. O cheiro do livro se
confunde agora com o cheiro do mar.
IRENE MADEIRO