sábado, 29 de dezembro de 2012

PÁSSARO CATIVO



Sou cativo de ti,
pássaro preso.
Entre mãos aquecidas
me prendi.
Estou preso por gosto,
por aconchego,
que mais quentes qu’essas mãos
eu nunca vi.
Sou cativo de ti,
pássaro doce,
tão manhoso e empolgado
me rendi.
Sem tuas mãos já me sinto
sem um ninho,
pois por gosto e por carinho
me prendi.

Irene Madeiro

sábado, 18 de agosto de 2012

SEI LÁ FAZER POESIA


Sei lá fazer poesia,

É tanta coisa

Tão complexo.

Eu faço frases

Que se juntam

A frases

E vão descendo

Ou subindo

Se espalhando...

Pra ser poesia...

É tanta coisa...



IRENE MADEIRO

sábado, 11 de agosto de 2012

SE EU FOSSE TE ESPERAR...


Seu eu fosse te esperar

Quanto tempo esperaria?

Quantos sonhos,

Quantas luas,

Quantas vidas viveria?



Seu eu fosse te amar

Quanto tempo sofreria?

Quantos sonhos,

Quantas luas,

Quanta dor carregaria?



Seu eu fosse te querer...

Mas já te quero

Tanto e tanto.

Mas te amo?

Mas te espero?

Quem será que o diria?

  IRENE MADEIRO

quinta-feira, 19 de julho de 2012

COM VOCÊ


É que no teu sorriso

eu me perco em sonhos

que só você pode gerar.

E nos teus olhos

eu vejo luzes

que nem o sol

pode me dar.

É que no teu rosto

eu vejo o céu,

o paraíso e o infinito.

E na tua presença

eu me vejo leve

e vejo o mundo

mais bonito.

 
IRENE MADEIRO

domingo, 15 de julho de 2012

DEPOIS DO SOL


Se o vento for quente

e a mente

não conseguir descansar,

se a pele for seca

e uma terça

parte do mar secar,

vou querer uma sombra,

vou querer uma rede,

vou querer teu corpo

para me deitar,

vou querer tua boca,

vou querer teu beijo

para matar minha sede,

para me embalar.

 
IRENE MADEIRO

terça-feira, 10 de julho de 2012

ÂNGELA


Os anjos,

as fadas,

os querubins...

Libélulas,

borboletas

e colibris...

Todos soltos,

todos juntos,

todos voando pelos jardins.

Ângela anjo,

Ângela fada ou querubim,

seja o que for

para ti Ângela,

neste dia,

o meu amor,

muitos beijos

e os desejos,

aqueles todos,

de...

          alegrias,

   fantasias,

             liberdades,

    verdades,

             realizações,

    imaginações...

           Tudo,

                 tudo

                    é pouco

                         para ti,

                              anjo,

                                  fada,

                                     colibri.

IRENE MADEIRO





sábado, 30 de junho de 2012

SE ATROPELAM



As pessoas se atropelam

Em plena avenida central

Ou lateral ou desigual

Nos becos e tortuosas ruas.

Se atropelam e não vêem

Em si o sangue

Vermelho, vivo e quente

Do outro, em sua pele, roupa e vida.

Atropelam os pensamentos

Se esmigalham pelas salas

E quartos e cozinhas e corredores

E não há réstia de um só fiapo

Da molécula do que pensa o outro, em si.

Atropelam os sentimentos

E não importa, se se sente

Se se vive, se se mente

Para si e para os outros.

Atropelam e atropelam as palavras

Que levadas são pelo vento

Para os desertos onde vivem sem respostas.

 
IRENE MADEIRO

quarta-feira, 27 de junho de 2012

SENSÍVEL


Sensível,
o rosto das rosas

mostra a beleza e o perfume

em poesias e prosas,

que voam no vento.

Sensível,

sensível

...vento.

 
IRENE MADEIRO

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O POMBO


Pousa em cima da torre

um pombo,

pondo-se a coçar-se e arrulhar.

Em cima da torre imensa

da imensa igreja,

um pombo, o pombo

cinza a arrulhar e a coçar-se.

Imensa imagem

do minúsculo pombo

da cor da igreja,

na torre, em cima de tudo.

Imensa imagem

de calma e paz

no meio do tumulto.

Em cima, o céu azul,

perdido no infinito,

o pombo cinza

na torre da imensa igreja

a arrulhar.

 
IRENE MADEIRO

domingo, 24 de junho de 2012

SEXTA-FEIRA


Parece que foi ontem

aquela última sexta-feira.

Mulheres carregando no rosto

a dor e a pobreza

e nas costas,

um saco de esmolas.

Parece que foi ontem

aquela vela acesa num canto,

um canto que vem de um bar,

o fim de semana bem em frente.

Tão rápido, que me assustei.

O que incomoda mais?

A pobreza,

a vela acesa

num canto,

o canto

ou a certeza

de que não foi ontem

aquela sexta-feira,

de que foi o tempo

tão rápido, que me assustei?

 
IRENE MADEIRO

sábado, 23 de junho de 2012

SURPREENDA-ME


Não perca seu sono

por causa de mim.

Não perca o sono.



Não sonhe tão alto.

Alguém pode ouvir

e espalhar para o mundo.



Não pule o muro

desses seus desejos

e fuja de beijos.



A grama cresce

e o mato corre

por cima de tudo.



Antes de eu chegar

mude tudo que está,

refaça suas frases.



Recorte seu ser,

surpreenda você.

Surpreenda a mim.



Diga uma frase louca

fale de coisas esquisitas,

não deixe nenhuma pista.



Corra sobre a grama,

sobre o mato.

Seja outra coisa,

seja outro fato.

 
IRENE MADEIRO

quinta-feira, 21 de junho de 2012

NÃO ÓBVIA


Eu não tenho mãos femininas

nem frases feitas

nem desejos óbvios.



Eu não tenho a calma comum

nem a frase certa

nem o desejo feito.



Eu não sei fazer o jogo corriqueiro

nem a malícia esperada

nem uma frase no ar.



Eu não tenho a sedução e o encanto

eu nem ao menos me espanto

com o que tu vais dizer.



Eu não sei se sou erro ou acerto

se isso em mim é um defeito

se eu devia ser mais clara...



Eu devia ser mais clara?...

Eu devia ser mais óbvia?...

Eu devia ser mais outra?...

 
IRENE MADEIRO

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A VERDADE É OUTRA

Tua boca cala
o teu lábio doce.

Teu olhar secreto

que não dissipou-se.



Um sonho tão sonho

que chega a doer no peito.

A realidade não existe

é apenas um defeito.



Tua presença paira

no ar em minha mente,

é uma mistura tão grande

que já não sei, de repente.



A verdade é estranha,

um paralelo talvez

entre o que é e não é,

entre o delírio e a lucidez.



Para acabar essa dúvida:

Tu és real ou não?

Não consigo achar resposta

nem mesmo no coração.



Só sei que a verdade é outra

e para isso não vejo cura.

Procurar o teu fantasma

é sempre a minha loucura.


IRENE MADEIRO

segunda-feira, 18 de junho de 2012

SE ME CONHECESSES


Se no teu rosto
meu gosto, meu gosto

passasse.

Se na tua boca

eu louca, tão louca

ficasse.

Tu não terias coragem

de deixar a minha imagem

miragem no mundo fugir.

Pois sou filha única

da lua com o sol,

do espinho e rouxinol,

do destino e do acaso.

Eu sou o atraso e o cedo,

o fim e o começo

de quem um dia me viu.

Mas como eu louca

na tua boca nunca fui,

apenas seda e rosa

onde tu buscavas luz...

Tu não saberás o segredo

do medo, tão medo

de me perder, me esquecer,

me prender...

Será mais leve a tua vida

sem minha ida,

minha partida,

minha estranheza.


IRENE MADEIRO

domingo, 17 de junho de 2012

LUA CHEIA

Tua alma,

tua calma

me transtorna o pensamento.



Eu tão lua,

eu tão louca,

eu tão loba aqui por dentro.

 

IRENE MADEIRO

sábado, 16 de junho de 2012

CASCATA


Vem descendo a serra

   por entre curvas e rochas,

     um fiapo fino de água,

       o rio, riacho

          de água doce

            e transparente.

              Vem doce e fria,

                 vem refrescante e pura,

                    pingando, chiando

                       barulho de água...

                          Rápido engrossa,

                            se empossa,

                               vem depressa,

                                   vem voando,

                                      despencando

                                          transformando

                                             o simples

                                                e calmo

                                                     em vário

                                                          e louco,

                                                               em pouco

                                                                    virando

                                                                        lagos e mar,

                                                                            salgado

                                                                               e forte

                                                                                     e sério.

IRENE MADEIRO

sábado, 9 de junho de 2012

O CHEIRO E O GOSTO

Vivo procurando a ata(fruta) ideal, aquela que tem o cheiro e o gosto da minha infância na fazenda do meu avô. Às vezes, acho que encontrei, ela tem o mesmo cheiro, mas o gosto não é igual e depois o cheiro também não é igual...
Quando eu tinha dois anos e morava na fazenda, lá também moravam alguns tios, então meus irmãos e primos subiam nos pés de ata, mas eu era muito pequena e só podia olhar. É uma lembrança muito clara, assim como todos tomando banho no açude, os maiores brincando de bandeirinha à luz da lua cheia, meu avô contando estórias no alpendre e todo mundo deitado ao redor para escutar ou correndo atrás de nós para nos dar "papinha". Quando ele morreu eu tinha 4 anos, e não houve mais fazenda...
Às vezes, penso que não existe essa ata ideal, que o que eu lembro é o gosto doce da minha infância...
Mas nunca vou desisir.