As pessoas se atropelam
Em plena avenida central
Ou lateral ou desigual
Nos becos e tortuosas ruas.
Se atropelam e não vêem
Em si o sangue
Vermelho, vivo e quente
Do outro, em sua pele, roupa e vida.
Atropelam os pensamentos
Se esmigalham pelas salas
E quartos e cozinhas e corredores
E não há réstia de um só fiapo
Da molécula do que pensa o outro, em si.
Atropelam os sentimentos
E não importa, se se sente
Se se vive, se se mente
Para si e para os outros.
Atropelam e atropelam as palavras
Que levadas são pelo vento
Para os desertos onde vivem sem respostas.
IRENE MADEIRO